sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Coisas de meu pai...


Meu pai, muito raramente comia arroz, sempre a preferir massas.
E ai se a carne fosse cozida, ao olhar dele isso é " comida de mulher preguiçosa".
Lembro-me pequeno, que várias vezes meu pai sempre que queria mostrar descontentamento, fazia pirraça, pior que criança, pior que eu... Chegava a hora do almoço, e minha mãe, tendo se esmerado ao fogão, ele deixava a comida de lado, pegava duas ou três laranjas, descascava-as, cortava-as em rodela, colocava pimenta em cima, e as comia. Ficávamos todos preocupados, embora eu não entendesse muito bem o que se passava (bem dizem que crianças e cães sempre acham que fizeram algo errado, quando alguém se mostra descontente).
Certa vez, ao indagarmos o porquê daquilo, ele de pronto disse: “Boca que não merece beijo, pimenta nela!” E todos rimos muito. 

Foto: Djair - Meu Pai - Olavo de Souza

6 comentários:

  1. Sua postagem me fez lembrar do meu pai rs.
    Ele era exatamente assim, como descreveu seu pai. Arroz como ele mesmo dizia , " é algo que não me faz falta"!
    Carne de panela até hoje estraga o almoço dele rs.E qudo isso acontece, ele faz questão de fazer uma xícara de café,pega pão e salame; e come com a cara mais emburrada que ja se viu ! rs
    Olhar que "mata mais que atropelamento de artomóver" rsrs
    O almoço dele tem que ter carne assada, muita salada verde, mandioca e um copo de vinho.
    Saudades do meu velhinho :) ja tem alguns meses que não o vejo.E o curioso é que qudo estamos longe e a saudade bate, sentimos saudades até dessas pirracinhas que eles faziam ... :)

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  2. Isso parece coisa do MEU PAI, também. Ele só comia as partes "menos nobres" do frango. Pescoço, pé e aquele "calombo" no "furico" do frango. E ainda fazia questão de depositar os ossos que sobravam no "cemitério", apelido carinhoso que ele deu ao seu pires verde favorito.

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  3. Uma graça sua história, Djair!
    Uma das coisas mais engraçadas que lembro de meu pai era sua tara por doces...houve uma época em que teve que moderar e mesmo assim minha mãe continuou fazendo bolos naquelas formas retangulares e as deixava cobertas dentro do forno. Pois ele, cada vez cortava de um lado e virava a forma, para que minha mãe pensasse que o bolo estava sempre do mesmo tamanho que antes, até que chegasse ao nada e aí vinham as "brigas" engraçadas...e uma outra lembrança que me ocorreu agora foi quando dei a eles meu primeiro presente de Páscoa: um par de coelhos de chocolate. Pois ele, não se contentando em comer o dele, desembrulhou as orelhas da coelha de minha mãe, moldou de certa maneira que parecessem outras e comeu...qdo minha mãe foi abrir...cadê as orelhas da coelha??? De resto, não comia pedra porque não podia...tudo estava bom prá ele...Saudades do maior amigo que já tive nessa vida!!!! beijinhos Djair...adorei teu texto...Rô.

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  4. Muito bom mesmo. Se a comida não estava boa...........pimenta nela; ele trouxe varias imagens para ser discutida........ Abraços
    carminha

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  5. Meu pai contava histórias.
    Colocava um disquinho pra tocar na "vitrola" com Tema de Lara. Ouvindo a música contava a História de Lara perdida de seu pai, e eu estava ali eu estava aprendendo sobre a Revolução Russa sem saber.

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  6. simples assim adorei " Boca que nao merece beijo , pimenta nela "

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