quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

E como os búfalos seguiremos mansos... Até a manada estourar.




Ontem, quarta-feira 15 de dezembro, a Câmara Federal,  a mesma que vota o salário mínimo no país aprovou a equiparação salarial para parlamentares, ministros de Estado e para o presidente e o vice-presidente da República.    Todos passarão a ganhar R$ 26,7 mil a partir de fevereiro do ano que vem. Os deputados aprovaram um requerimento de urgência permitindo a apreciação do projeto ainda hoje. O placar foi de 279 deputados a favor, 35 contra, e três abstenções. Horas depois, o Senado também aprovou o reajuste. Enquanto isto, prevêem o reajuste do salário mínimo para R$ 580 em 2011 e que concede reajuste de 9,1% aos benefícios de aposentados e pensionistas que recebem mais de um mínimo.

Pela primeira vez me arrependo de ter votado em Paulo Teixeira para deputado federal, a postura de votar a favor do requerimento de urgência não exclui seu trabalho anterior na câmara, ou como vereador por São Paulo por diversas vezes.  Mas me deixa um travo enorme, até porque até o último instante estava indeciso entre o voto nele ou em Luiza Erundina, do PSB, que em perfeita consonância com sua trajetória política votou contra o requerimento.

Política não é dos assuntos que mais me agradam, até porque confesso meu autoritarismo e inabilidade no assunto, mas como divulguei minhas opções de voto, o que não deixa de ser uma forma de campanha, sinto-me na obrigação de manifestar minha frustração. 
Engraçado como não se tem a mesma urgência em votar quando o assunto é interesse do povo, e não é a toa que redes sociais, estejam hoje cheios de revolta e  “pior congresso da história” e “Fogo no congresso” sejam os temas de maior citação no twitter.

Mas só se frustra quem acredita, e continuo acreditando, não em propagandas que tornam qualquer um em salvador da pátria, ou um projeto em estrela cintilante - como o expansão metrô que mostrava um metrô maravilhoso (quase um fura fila),  e foi retirada do ar depois de constatado por usuários do dia-a-dia que este meio de transporte em São Paulo está sucateado.

Charles de Gaule o grande estadista francês já dizia, que o castigo dos que não se interessam por política é ser governado por aqueles que se interessam. Votamos naqueles que acreditamos, seja por discursos, por comportamentos, pela história de vida. E tentamos não errar, apesar de muitos deixarem claro já a que vem e ainda assim terem quem os eleve aos postos públicos de governança. 

É uma postagem de desapontamento e revolta o desta semana, e imagino os comentários que virão (?)... Paciência, sigamos em frente a espera de dias melhores.
  

Foto: Djair - Búfalos do João de Deus - Quebra Cangalha - Oliveira - MG
 

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

É natal? Oh!!!

Então é natal... Oh, que maravilha!...

Então vamos todos comemorar e confraternizar, comer e beber à vontade, distribuir e receber sorrisos, abraços e gentilezas tão sinceras como notas de r$4,35. O chefe escroto, que nunca reconhece o trabalho de ninguém, que assume as idéias dos subalternos e só dá atenção aos que lhes lustram os ovos ou ovários, chamará a todos para a confraternização... Que lindo... 



E como não bastasse, agora tem confraternização da sala, do setor, do prédio, da empresa...

E aqueles “colegas” que passam o ano enrolando, assim como aqueles que lhe puxaram o tapete a mais não poder durante todo o período, virão dar abracinhos rotos e tapinhas nas costas, com um “ai, desculpa qualquer coisa...”

Ah, e a hipocrisia máxima do amigo-secreto? Aquele, onde as pessoas escolhem o que querem ganhar via bilhetinhos colocados em uma caixa de sapato embrulhada em um papel de presente meio amassado... Ora se é para escolher, porque não se vai e compra de uma vez. Não, não se pode realmente arriscar e curtir o sabor de descobrir um presente legal e completamente inusitado. É verdade que sempre corre-se o risco de se ganhar um bloquinho para anotações, como vi em um Natal passado.

Orientadores que escravizaram orientandos no que podiam e co-assinaram trabalhos e publicações que mal, ou sequer, leram, vão ganhar presentinhos e com um sorriso cândido dizer que não precisava, enquanto os desembrulham apressados.
         E os amigos de verdade, aqueles que gostaríamos de ter visto mais amiúde, dos quais sentimos falta,  mas que nunca tiveram tempo para um encontro, telefonema ou e-mail, virão cedo, querendo marcar algo antes do tão fatídico dia do nascimento de nosso senhor Jesus Cristo, mais uma vez transmutado em menino Jesus.

         Ora senhores, que prazeres maiores que visitar a quem se gosta, sem compromisso de datas, natalícios divinos ou mortais; não é um regalo maravilhoso o presente fora de datas comuns, como natal, dias de pais, mães, amantes ou aniversários? Assim, mesmo aquela lembrancinha mequetrefe, como o segurador de bolsas que você ganhou no último congresso e vai dar de presente à sua prima, só pra não dizer que não lhe deu nada, ganhará até um ar de graça, pois significará que realmente lembrou, e quis dar algo a ela. Mande cartões ou e-mails pra dizer: hoje pensei em você, em como é bom quando podemos estar juntos e conversar sobre o que seja, apenas para beber de sua presença. Ao invés de cartão porque é natal e se acostumou a fazê-lo nesta data, como quem reza um pai nosso pensando no último capítulo da novela ou na conta a pagar no dia seguinte.


         Uma sugestão: o espírito de natal deveria ser diluído no decorrer do ano; com certeza isso faria as pessoas a quem realmente  se quer bem, muito mais alegres, se não felizes de fato, por sentirem-se lembradas e queridas. Pelo menos para mim, mais vale um almoço com amigos num domingo qualquer do ano, do que uma mesa repleta de mais comida do que se pode consumir, que vai fazer diferença no orçamento e com convivas que eu desconheço, até porque, como diz a canção de Rita Lee, no fim tudo vira merda. E ai de nós nos almoços que somos obrigados a ir, por obrigações/convenções sociais. É, às vezes a coisa não é tão má. Mas em outras a comida pode até fazer mal...

         Então é natal, que nossos melhores sentimentos sejam expressados de verdade, para quem de fato merece, para quem se gosta de verdade.  Sem hipocrisia.

         Um feliz natal, muito amor e paz pra você!


Fotos: Djair - Presépio - Cerâmica sergipana - Neópolis (SE)
                   - Araúcaria travestida em àrvore de natal.        

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Coisinha fofa...


Esta noite estava a lembrar-me de uma conhecida que nunca se importava do que falassem a seu respeito. Do que quer que lhe chamassem, não dava importância... A não ser... “Boazinha”. 
 
“Ah, não dá! Boazinha não! Podem me chamar de qualquer coisa! Menos boazinha.” 
 
Segundo ela, “boazinha” era o fim de tudo, quando você não tem qualidades ou defeitos outros que a tornem minimamente atraente, interessante ou apreciável. Melhor ser mal vista, mal falada, que ser a "boazinha"... Me chama de cadela, de piranha, de qualquer coisa, mas boazinha não, dizia, querendo pertencer mais à fauna do que destratada com o vocábulo qualitativo. 
 
Daí lembrei-me de recente papo, via Facebook, com o Alex, onde falávamos sobre gente que tem mania de terminar os nomes dos outros com “inho” ou “inha”, sem qualquer carinho ou intimidade no ato. E como a noite era de insônia regada a lembranças, o pensamento me trouxe mais uma. Como sempre fui bonzinho (sem aspas), a lembrança era de uma conhecida imensa nas formas, a quem na adolescência chamávamos de “I...zinha”, no pejorativo mesmo, por pura maldade adolescente.
 
Um colega sempre trata a namorada por “coisinha”, e ela não desgosta. Aliás, anos atrás, Elke Maravilha dizia em uma entrevista que li numa destas revistas de passatempos, Contigo ou Ilusão se não me engano, que o namorado atual (daquela época, fique claro) a chamava de "meu traste"... E era uma declaração de amor! Pode ser... Acho mais bonito que “fofinho" e "fofinha”, com os quais um casal conhecido se trata... É de dar engulhos. Se alguém me chamar de fofinho acho logo que está querendo dizer que sou gordo.
 
E, pegando carona nos engulhos do parágrafo acima, um colega, uma vez de saco cheio em ouvir o “querido” de uma terceira pessoa, saiu-se com um “_Para de me chamar de querido, pois esse seu “querido” é a personificação da falsidade.” Silêncio...
 Realmente, “querido” é muito estranho, só uso com pessoas as quais quero bem e realmente quero perto de mim... Mas vejo tanto em bocas tortas por aí, sem querer bem algum à pessoa a que se refere que o “meu querido” vira mesmo como bem disse o outro: “A personificação da falsidade.”
 
Conheci outras pessoas que detestavam a alcunha “bonitinho(a)”, segundo a qual o bonitinho é sempre o feio arrumadinho. Muito embora muitas vezes o diminutivo seja apenas para expressar carinho...
 
O único lugar no Nordeste onde já ouvi falar "bichinho" foi em Alagoas, e, embora o vocábulo seja usado a mão-cheia, em programas humorísticos, acredito esteja praticamente em desuso, da vez que quando o ouvi foi logo retrucado com sisudez: “Bichinho é formiga”!
 
O “siázinha” e o “mulé” nos quais eu achava tanta graça também só se ouve muito quando em vez, e assim perdem-se jocosidades deliciosas, enquanto os “meu querido” predominam por ai afora...