Romances, prosas, contos, crônicas, biografias, poesias...
E aí, a grande
dúvida ao acabar um livro: qual ler agora? O do amigo que lançou recentemente,
aquele que ganhou há poucos dias e que está na fila, aquele que estás desejando
ler há tempos? O que saiu recentemente e que a resenha no jornal te deixou com
dedos coçando e olhos ávidos? E além destes, as crônicas de seus ensaístas
favoritos que pulam à frente no jornal, no blog, no site e furam toda e
qualquer fila e pilha. E vem os textos dos amigos que pedem para dar uma
olhadela, a poesia do outro. Ao mesmo tempo que você ganha mais um e quer um
outro e a capa daquele te chama a atenção e chega uma hora que você dá graças a
Deus pela morte de Saramagos e Eças, porque assim não se acumulam mais ou
atropelam listas. Mas eis que surgem novos romancistas e lançam uma biografia que
supões deliciosa, e a baba escorre, e num instante se têm mais livros não lidos
que os já saboreados. Outro dia li, acredito que em uma rede social, algo como:
“a vida é muito curta para perder tempo com livro ruim.” Mas depois de começado
raramente desisto. Insisto, resisto, despisto e passo a outro, depois retomo, e
vou, e vou...
E quando há
participação em algum corpo de júri de prêmio literário? Há de se ler com
atenção, com isenção, esquecendo que este autor escreveu aquele texto
maravilhoso e que a prosa deste aqui não é tão charmosa e nem prende a atenção.
E a delícia de se descobrir um autor que dificilmente leria, mas que tem uma
fluidez, uma suavidade de artesão com as palavras que te dá uma inveja, te
causa uma admiração e você vira fã.
Ah, as
narrativas deliciosas que emocionam, as personagens que amamos, a maleabilidade
da personagem tão redonda que você não sabe o que esperar dela e que te
surpreende a cada virada de página, fazendo morder lábios, sorrir, de puro
encantamento. E assim as pilhas crescem, sem qualquer possibilidade de que um
dia leias tudo o que deseja, ou que todos os selecionados realmente tragam esse
élan capaz de te tirar do ar por horas e horas e dias até que se feche a
capa e suspire com um prazer de satisfação.
Afinal, nunca
lerei todos os livros que tenho vontade, possivelmente irei ler alguns que não
tenho, o mesmo a valer para discos e filmes a serem ouvidos e vistos. Então, já
que o tempo para todos eles é curto, encerro o texto e vou atracar-me com um.
E... obrigado por ter lido até aqui...
Foto: Luiz Otávio Pereira