sábado, 18 de outubro de 2014

Sociedades


Somos sócios
Socialistas, socialites assexuados, assoberbados

Assoreados pelo aço, pelo minério de ferro que nos ferra a todos

Associados, escaneados, escanhoados pela lâmina de aço

a nos raspar o rosto, as axilas, a pélvis,

a tirar pelos e cortar peles, pulsos, impulsos.



Somos sócios, somos símios, somos sonsos,

Somos somados, postos em fila e ferrados se não com ferro em brasa com crachá,

com Registros Gerais – RGs para os íntimos. Somos gado:

Socialistas, socialites os que leem, os que latem, os que apanham, os que batem,

os que manipulam, os que mentem, os que manuseiam...

vidas, carreiras, ferros, documentos, pedaços de carne em busca de um prazer fugaz.



Somos só isso, tudo isso, isso ou aquilo.

A quilo? Ou por peça? Dúzia, por dó ou por dor?

Os que rezam ou que prezam, ou que negam, renegam, desprezam, desejam



Somos pó, de minério de ferro, de rapé, de mico...

Ao pó voltaremos, ao pó preto que vem pelo vento, ao pó branco de giz que ensina o b-a-bá

Ou ao outro que promete brilhos e nos tira dos trilhos:

somos sócios, nesse ócio cansativo que é viver,

que por si só violenta, a si, ao outro, aos ideais e crenças

Somos sós,

e por isso nos refugiamos em poesias, músicas, saraus, caldos quentes, cervejas frias, mingaus.

Somos sócios...

Só isso, e nem por isso brincamos em serviço.


Foto: Djair - Muro pixado à rua Borges Lagoa - V. Clementino - SP