Na
casa de minha mãe sou visita ilustre, capricha-se na faxina e se
estendem toalhas, lençóis,
fronhas e tapetes que em outras ocasiões permanecem com ramos de
alecrim ao fundo de um baú que foi de minha avó.
Talheres
escondidos
surgem à
mesa,
quitandas não são feitas, mas compradas aqui e ali, ao contrário
do cardápio de sal. Neste,
banquetes
revolvem tripas puritanas de gente nojentinha, mas que a mim fazem
salivar só de lembrá-los.
Três
dias antes de eu chegar, o
leite
já lá está, pra virar coalhada, grossa, de comer em pedaços, com
mel, açúcar,
raspas de rapadura, ou mesmo adoçante, só pra disfarçar. Não me
nego ao bocado branco, gelado, tenro.
Hummm,
salada de frutas, feita com os mamões do quintal, redondos, bem
amarelos, de um doce que só os de lá... E pensar que fui eu mesmo
que comecei a semeá-los por lá. E sempre, a cada ida, semeio mais,
que é pra fruta não acabar.
Já
por aqui ao descrever salivei como um cão do Pavlov. Nem vou falar
de cuscuz, beiju e pão, nem das atas, dos sucos de acerola, cajá e
limão. Melhor parar por aqui, antes de perder a mão.
Foto: Djair - Batatas doce e mandioca